A filosofia dos 3% de Virgil Abloh, e como ela pode mudar seu jeito de criar
- onscuro music & art
- 11 de ago.
- 3 min de leitura
Virgil Abloh não só deixou um legado na moda, mas também uma forma diferente de pensar sobre criatividade. Sua famosa “filosofia dos 3%” parte de uma ideia simples:
Para transformar algo e criar algo novo, basta mudar 3%.
Pode ser um detalhe de design, um corte diferente, um contexto inesperado ou até uma frase num lugar improvável. O importante é que essa pequena mudança provoque uma nova leitura, um novo sentido, algo que dialogue com quem vê e, de preferência, quebre um padrão.
Na prática, Virgil mostrou que você não precisa reinventar a roda para criar algo marcante. Basta enxergar o que já existe e fazer um twist inteligente. Essa abordagem democratiza a criatividade: você não precisa de um estúdio milionário ou tecnologia de ponta, só de visão e sensibilidade.
E aqui vão 3 projetos onde ele aplicou a filosofia dos 3% de forma brilhante:
1. nike x off-White - “the ten”
Talvez o projeto mais famoso de Virgil, “The Ten” pegou 10 modelos clássicos da Nike Air Jordan 1, Air Force 1, Converse Chuck Taylor e outros, e deu um remix visual. Não foram mudanças drásticas: cadarços com a inscrição SHOELACES, costuras expostas, etiquetas deslocadas, o icônico zip tie vermelho. Essas pequenas alterações facilmente reconhecíveis, transformaram tênis conhecidos em peças de arte urbana. O resultado? Uma febre global e um marco no sneaker culture.

2. louis vuitton men’s ss19 - “o mágico de oz”
Na sua estreia como diretor artístico masculino da Louis Vuitton, Virgil levou para a passarela uma referência pop inesperada: O Mágico de Oz. A coleção misturava alfaiataria impecável com cores vibrantes e gradientes que lembravam o caminho de tijolos amarelos. O “3%” aqui foi inserir um elemento lúdico e narrativo em uma grife tradicional, mantendo a elegância mas adicionando uma dose de imaginação e conversa com a cultura pop, algo que, na época, parecia impossível dentro de uma maison tão conservadora.

3.ikea x Virgil Abloh - “markerad”
No projeto com a IKEA, Virgil aplicou a filosofia dos 3% ao design de móveis e objetos domésticos. Ele pegou itens básicos, como tapetes, relógios e sacolas — e adicionou frases em aspas, escalas exageradas e mudanças mínimas que alteravam completamente a percepção do objeto. O tapete com a palavra “KEEP OFF” virou ícone, mostrando que até o design de interiores pode carregar ironia, crítica e estilo.

um legado vivo e agora também em Paris
A mostra "Virgil Abloh: The Codes" será aberta em Paris, no Grand Palais, entre os dias 30 de setembro e 10 de outubro, como tributo ao legado do designer. Com curadoria da Nike e do Virgil Abloh Archive, a exposição reúne mais de 20 mil peças criadas por Abloh ao longo de sua carreira. O objetivo é celebrar sua trajetória, revelando seus processos criativos e a conexão entre moda, arte e cultura urbana, de acordo com o FFW.
Coincidindo com a Paris Fashion Week, a exibição apresenta protótipos, objetos, fotografias e esboços, muitos mostrados ao público pela primeira vez, oferecendo um panorama amplo de mais de duas décadas de trabalho. O evento também conta com uma programação paralela, incluindo performances, oficinas e encontros, pensados para fomentar o diálogo e inspirar novos criadores.
Organizada pela Virgil Abloh Foundation e pela Nike, em parceria com o Virgil Abloh Archive (VAA), a escolha de Paris como palco não é por acaso: a cidade desempenhou um papel central na história de Abloh, sendo cenário de desfiles marcantes e colaborações icônicas.
conclusão
A visão de Virgil conversa muito com o que a Onscuro acredita: usar arte, moda e música para reinterpretar o que já existe e dar a isso uma nova camada de significado. Não é sobre fazer algo do zero, mas sobre ter coragem de mexer no óbvio. O mundo da moda e da arte está cheio de peças que poderiam ser “só mais uma”, até que alguém resolve mudar aquele pequeno detalhe que transforma tudo.
No fim, a filosofia dos 3% é quase um convite: olhe em volta, encontre algo que já existe e pergunte “o que eu posso mudar aqui para que tenha a minha cara?”
Talvez seja assim que nasce o próximo trabalho da Onscuro… ou a sua próxima grande ideia.



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